top of page

As mulheres têm mais consciência ambiental e vão salvar o mundo?

Neste 8 de Março, a Keep Eco propõe esse debate e dá algumas mostras de que as mulheres estão à frente quando o tema é consciência ambiental.

Pare um pouco e preste atenção na sua casa. Quem propõe e lidera a mudança para uma vida mais sustentável? Quem tem mais consciência ambiental? Seu pai, sua mãe, um irmão, uma irmã? É seu marido? Ou, sem dúvida, é sua esposa? Se você mora sozinho, quem lhe inspira a prestar atenção em atitudes que possam colaborar com a preservação do meio ambiente?

Com algumas exceções, ousamos dizer que é muito provável que você responda que foi uma mulher a primeira a chamar a sua atenção para os temas relacionados à sustentabilidade. Via de regra, foram nossas mães ou avós que nos ensinaram a importância de se economizar água, energia elétrica, a separar o lixo, a reusar antes de descartar e a ter cuidado com todas as nossas coisas.

As mulheres também são maioria quando o assunto é consumo consciente, sustentável. Poderíamos atestar isso aqui baseados apenas nas estatísticas internas da Keep Eco. A base de clientes da marca é formada majoritariamente por mulheres. Elas ultrapassam o percentual de 90% das pessoas que adquirem o produto feito à base de algodão e cera de abelha e usado para substituir o uso do plástico filme na cozinha.

Mas, podemos afirmar que as mulheres são condutoras do consumo consciente baseados também em pesquisas. Uma delas foi realizada pelo Instituto Akatu em julho de 2018, que mostra que entre os consumidores mais conscientes, as mulheres representam 56% . Além dessa pesquisa, informações do Banco Mundial dão conta de que as mulheres, por possuírem 70% das decisões globais de compra, são as responsáveis por escolhas mais amigáveis ao meio ambiente. Isso mostra que não é exagero afirmar que as mulheres podem salvar o mundo.

Exemplos de consciência ambiental dentro e fora de casa

Esse protagonismo das mulheres em relação ao consumo e atitudes mais sustentáveis tem um ótimo exemplo na cidade de Florianópolis. Nicole Berndt começou a revolução dentro da própria casa, mas que não ficou somente lá. Após precisar fazer algumas mudanças em produtos que consumia, por conta da saúde, ela descobriu o movimento Lixo Zero. De forma simplificada, o movimento prega o correto encaminhamento de resíduos, evitando ao máximo seu envio para aterros sanitários, com foco na redução e na não geração.

Totalmente identificada com o tema, Nicole resolveu colocar em prática o que vem aprendendo e para isso envolveu toda família, formada por ela, o marido Paulo e o casal de filhos, Téo, 7 anos de idade e Nina, de 4. Eles são os moradores da Casa Sem Lixo, que dá nome ao blog onde Nicole compartilha o que aprende e dá dicas a milhares de seguidores. Só no Instagram já são mais de 95 mil fãs, a maioria mulheres.

“Apenas 13% dos meus seguidores são homens. Quem mais pede dicas são as mulheres. Quem mais troca comigo são as mulheres. Apesar de que tenho homens que trocam sim e esses são adolescentes ou jovens, pessoas bem mais novas”, conta.

Consciência ambiental também é o que move a empreendedora social Fernanda Adiers, de Joinville (SC). Arquiteta, ela é a idealizadora da Moralar – Arquitetura Social, uma empresa que atende, com projetos arquitetônicos, pessoas de baixa renda e projetos comunitários. O reuso de materiais que poderiam parar no lixo é uma das características do trabalho de Fernanda, que evita, o máximo que pode, o desperdício em cada etapa das obras que coordena.

Ela conta que em um setor ainda dominado por homens, em sua maioria, a questão da sustentabilidade na construção ainda é um desafio.

“Empreender nesse setor com uma pegada sustentável é um desafio diário. Primeiro porque encontro a barreira cultural onde a lógica do consumo que prevalece em toda a cadeia é “melhor sobrar do que faltar”. E segundo que por ser um setor com predominância dos homens, poucos possuem a sensibilidade de olhar para o impacto que o setor gera, dificultando ainda mais o trabalho com sustentabilidade”, explica.

Consciência ambiental e ecofeminismo

Há quem diga que o maior cuidado das mulheres com o meio ambiente está ligado à nossa íntima relação com a natureza. Nossos ciclos biológicos são regidos pelos ciclos naturais como as fases da lua, citando apenas um exemplo que nos permite afirmar que a consciência ambiental do gênero feminino vem do fato de que nos reconhecemos mais facilmente como parte do todo e, por isso, o que atinge à “Mãe Terra”, nos atinge diretamente. E, talvez, seja por isso que as mulheres acabam tomando a frente em questões ecológicas.

A doutora em Física, ativista ambiental e ecofeminista indiana Vandana Shiva é uma das que não concordam totalmente a essa ideia que ela chama de essencialista, ou seja, que o cuidado das mulheres com o meio ambiente é derivado da nossa natureza enquanto gênero feminino. Para ela, uma das principais ativistas do chamado ecofeminismo, o protagonismo ambiental das mulheres não pode ser associado apenas à nossa formação biológica.

Em um vídeo produzido pela plataforma Mercado Ético, ela  explica que o ecofeminismo tem sido confundido como um movimento que acredita apenas nessa relação natural entre mulher e natureza. Para Shiva, em primeiro lugar, o ecofeminismo tem a ver com “o reconhecimento de que as forças que marginalizam, dominam e oprimem a natureza são as mesmas forças que marginalizam e oprimem as mulheres”.

Ela cita como exemplo o Movimento Chipko, do qual fez parte na década de 70, na Índia.  Esse movimento, que tem nome traduzido para “abraço”, em português, foi liderado por mulheres de várias partes da zona rural daquele país. Elas protestavam contra o corte de árvores e a consequentemente destruição das florestas pelo mercado de madeira. Em certas ocasiões, chegaram a se unir um grande abraço ao redor das árvores, para impedir com seus corpos a derrubada delas.  Segundo Shiva, aquelas mulheres não lutaram contra a destruição das florestas impulsionadas apenas pelos genes, mas pela necessidade de sobrevivência. Era da floresta que elas retiravam seu sustento, de forma orgânica e não destrutiva.

“A parte mais importante do movimento Chipko é que ele mostrou o poder das mulheres.  Porque elas eram vistas como passivas, como segundo sexo. A segunda coisa que ele mostrou foi a grande economia para qual as mulheres contribuem. Uma economia em parceria com a natureza. E as mulheres mostraram o quanto a floresta é importante para a economia delas, comparada com o que podemos chamar de patriarcado capitalista, que extrai madeira da floresta cortando árvores”, explica ela.

Além de Vandana Shiva, Fernanda Adiers e Nicole Berndt, muitas outras mulheres contribuem e contribuíram para espalhar consciência ambiental mundo afora. No próximo post, vamos falar um pouco mais sobre algumas delas, que fizeram e fazem histórias. Enquanto isso, que tal você nos contar, na caixa de comentários, quem são as mulheres que lhe inspiram ou inspiraram a ser mais sustentável e cuidar melhor do Planeta?  Aproveite o Dia Internacional da Mulher para homenageá-las!

118 visualizações0 comentário
bottom of page